quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Boletim Semanal nº 89

Luteranos Santos - Boletim Semanal Nº 89 - 160225

E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações. Atos 2,42




Caros Membros e Amigos da Paróquia de Santos!
Este domingo é o dia da nossa Assembleia Geral Ordinária. É o orgão máximo da Paróquia pelos estatutos da nossa igreja. são convocados todos os membros para elegerem quem irá conduzir no Presbitério, e também tomar conhecimento das atividades do pastor, da diretoria e da gestão financeira, de aprovar os dois últimos.
É bem verdade que as Assembleias não andam com muita popularidade. Há quem acha os relatórios cansativos. Há quem tem medo de ser eleitos para algum cargo que não tinha intenção de ocupar. Muitos vai se dar um jeito na vida da comunidade com sempre se deu. Fico um pouco triste com isto.
E tenho certeza que a Assembleia é o lugar onde mais fica claro nossa tradição e convicção de igreja luterana que se estrutura democraticamente de baixo para cima, e que acredita na revelação de Deus no vida da comunidade. Mesmo sabendo que comunidade as vezes é um lugar difícil e desafiador, isto não invalida a promessa de Jesus que elá está presente onde dois outrês estão reunidos em seu nome.
Vale a pena fazer a primeira comunidade cristã: E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações. (Atos 2,42)
Participe!
Saudações e até domingo!
P. Guilherme Nordmann

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Palavra da Semana - Para nossa reflexão

A Avareza – Rubem Alves
Diz o texto sagrado que o Espírito levou Jesus ao deserto para ser testado pelo Demônio. Essa é a missão dos Demônios: são ministros de Deus encarregados de testar os materiais de que a alma é feita.
A tentação, que é a ferramenta dos demônios para o cumprimento de sua missão, só acontece no lugar onde mora o desejo. O santo que resiste à tentação está confessando: “Em mim mora esse desejo, que me tenta”. Ninguém é tentado a comer tijolos. Porque ninguém deseja comer tijolos. É preciso que haja o desejo para que a tentação aconteça.
No deserto, o Demônio começou seu teste pelo desejo mais inocente, mais natural. Jesus estava com fome, depois de jejuar por 40 dias. Queria comer. Com certeza estava tendo visões de pães. O Demônio sugere:
“Um pequeno milagre vai resolver tudo. Você tem poder. É só falar e as pedras se transformarão em pães.”
Que Deus bom esse, à nossa disposição para atender aos nossos desejos. Mas o Deus de Jesus não era assim. Ele não pode ser invocado para nos livrar dos apertos.
- “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus …”, Jesus respondeu.
O Demônio percebeu que aquele não era o lugar. Mudou-se para o lugar onde moram desejos mais sutis. Os piores pecados não são os da carne; são os do espírito.
- “Imagine-se na torre do templo. Lá embaixo a multidão gritando: ‘Pula! Pula!’. Aí você pula. Mas então o inesperado acontece: os anjos vêm e o carregam pelos ares! Será o triunfo, a consagração! Todos acreditarão em você e o seguirão!” Jesus responde que não se deve testar Deus para a realização dos nossos desejos.
Aí o Demônio lança mão do mais profundo desejo que existe na alma humana: o poder! Leva Jesus a um alto monte e lhe mostra todos os reinos do mundo e suas riquezas e lhe diz:
- “Tudo isso lhe darei se prostrado me adorares!”
Quem tem dinheiro tem todas as coisas. O dinheiro é o deus do mundo. O Vinícius inicia o seu poema “O Operário em Construção” citando esse texto do evangelho. O operário, no alto do monte, tentado pelas riquezas! Porque o fascínio pelo dinheiro não mora apenas no coração dos ricos. Mora também no coração dos pobres.
Esqueça as imagens corriqueiras do avarento como aquele que guarda e junta dinheiro. Esse avarento é um coitado. Faz mal a pouca gente. Ele é o maior prejudicado. De sua companhia todos fogem. Ele é ridículo. Avareza não é isso. É uma qualidade espiritual. Avareza é uma doença dos olhos. Bernardo soares disse que não vemos o que vemos, e sim o que somos. O avarento não vê as coisas; eles vê o que elas valem como dinheiro – a casa, o carro, o filho. E não pense que isso é coisa só de rico... Os pobres avarentos também veem as pessoas em função do dinheiro que dela se pode extrair.
Todos os seus sentidos estéticos e éticos foram destruídos. Beleza, ternura, amor, honestidade, justiça – essas coisas não entram na sua contabilidade.
Por que o avarento se entrega ao amor ao dinheiro? Porque ele sabe que o dinheiro é um deus que tem poderes para operar as mais fantásticas transformações. Marx era bom teólogo; ele sabia que dinheiro é um deus dinheiro que opera os mais extraordinários milagres. Vejam os comentários de Goethe e Shakespeare que ele transcreveu em seus Manuscritos econômicos-filosóficos de 1844.
“Eu sou feio, mas posso comprar a mulher mais bonita para mim mesmo. Consequentemente eu não sou feio, porque o efeito da feiura, o seu poder para repelir, é anulado pelo dinheiro. Como individuo sou um aleijado, mas o dinheiro me dá vinte e quatro pernas. Portanto eu não sou aleijado. Eu sou um homem detestável, sem honra, sem escrúpulos e estúpido, mas o dinheiro é objeto de admiração universal e, portanto eu, que tenho dinheiro, sou admirado. Sou curto de inteligência, mas desde que o dinheiro é o espírito de todas as coisas, como poderia aquele que o possui não ser inteligente? Eu, que pelo poder do dinheiro posso possuir tudo aquilo que o coração humano deseja, não serei também possuidor de todas as virtudes humanas.”
Pense nas misérias do Brasil. Elas não foram produzidas pela ira, pela preguiça, pela inveja, pela gula, pela arrogância, pela luxúria. Esses demônios são fracos. Nossas misérias são produzidas pela avareza. Os corruptos olham para o país e pensam: De onde e como posso extrair dinheiro? Pense nas tragédias do mundo, as guerras, os genocídios… São produzidos pelo uso de armas que foram pensadas por inteligências científicas e fabricadas com cabeças técnicas e vendidas por amor ao lucro. Quem fabrica e vende armas não pensa no sofrimento que elas vão produzir. Pensam, os cientistas que as imaginam e as pessoas que as vendem, em sua eficácia técnica e seu valor econômico.
Quem é movido pela avareza não tem olhos nem coração para sentir o sofrimento dos outros, porque estes lhe são apenas um valor econômico. A avareza tira a capacidade de compaixão. E, com isso, nossa condição de seres humanos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Boletim Semanal nº 88

Luteranos Santos - Boletim Semanal Nº 88 - 160220 - Texto da prédica: Lucas13,31-35

Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3.16




Caros Membros e Amigos da Paróquia de Santos!
O tempo da paixão vai seguindo e neste domingo põe-nos em contato com dois riscos que Jesus corre ao seguir sua missão:
O primeiro é a traição camuflada de solidariedade. É assim que os fariseus tentam amedrontar Jesus e fazer com que ele desiste de sua missão. Inventam uma suposta ameaça por Herodes quando no fundo são eles que querem mal a Jesus. É uma espécie de golpe sujo, mas Jesus não cai na armadilha porque quer ir até o fim de todo jeito.
Quem já se engajou para alguma causa boa, sabe que em certa altura podem vir pessoas que supostamente nos querem bem, mas que só querem é tirar nós do caminho.
O segundo é a polarização a qual é exposta o mensageiro de Deus. Quanto mais ele se aproxima do cumprimento de sua missão tanto mais cresce a oposição a mensagem.
Em soma Jesus está começando a carregar sua cruz, o que o deixa cada vez mais isolado. É bom saber que este tipo de sofrimento também faz parte da caminhada dos que seguem a Cristo.
Mas é bom saber que a cruz não leva a um beco sem saída, mesmo se as vezes parece. Precisamos ficar firmes na confiança que as expressões do mal no mundo não passam de uma batalha de retirada de quem já perdeu.
A vida, o amor, a fé e a esperança já venceram em Cristo, nisto podemos apostar!
Saudações e até domingo!
P. Guilherme Nordmann

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Palavra da Semana - Para nossa reflexão

 
Deus se revela na cruz
 
No livro: A Teologia da Cruz de Lutero, de Walter von Loewenich, p.17, encontramos uma tese de Lutero bem profunda: “O teólogo da glória vê Deus ‘presente em toda parte’ (I,614,9). O teólogo da cruz sabe: ‘no Cristo crucificado estão a verdadeira teologia e o verdadeiro conhecimento e Deus’ (I,362,18s).”
 
Lendo essa tese, reflitamos: Onde Deus se revela? Deus se revela no Cristo crucificado. Deus se revela na imagem dAquele que morreu no meu lugar. Procurar Deus em êxtases religiosos, jejuns, práticas místicas as mais variadas ou mesmo na natureza, é procura-Lo em vão. Ou, sendo menos radical, quem sabe você ali vai encontrar pálidos vestígios de Deus, mas você encontra o Senhor de forma bem concreta nAquele que morreu na cruz por ti.
 
Por que ali encontramos a revelação de Deus? Porque ali encontramos e enxergamos a grandeza do amor do Senhor: Ele morreu em nosso lugar. Ele não ficou indiferente á nossa dor, mas a assumiu. Ele não ficou insensível ao nosso sofrimento, mas o tomou sobre si. Enquanto não percebermos isso, vamos ficar procurando Deus em mil e uma coisas e em uma infinidade de igrejas e religiões. Contudo, como cristão, tenho que afirmar: somente no Cristo crucificado eu encontro a revelação de Deus para a minha vida.
 
É claro que cremos no Deus vivo, no Cristo ressurreto. Cremos nAquele que venceu a morte e que zela pelo Seu povo. Mas não olhar para a cruz de Cristo e ver ali a forma como Deus se revelou, é ser adepto da teologia da glória que procura Deus em toda a parte, mas encontra, quando encontra, apenas pálidos vestígios do mesmo. O Deus revelado morreu na cruz por nós. Ali Ele revela a Sua face que é o mais puro amor.
 
A esse amor de Deus eu só posso responder com amor. Eu respondo a esse amor recebendo a Cristo que bate à minha porta, mostrando as mãos e o lado feridos na cruz do calvário. Receba a Jesus e tenha uma vida abençoada. Amém.


Pastor Telmo Noé Emerich - Publicado no Jornal Tribuna de Petrópolis


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Boletim Semanal nº 87

Luteranos Santos - Boletim Semanal Nº 87 - 160211 - Texto da prédica: Deuteronômio 26.1-11

Não só de pão viverá o ser humano, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4.4



Caros Membros e Amigos da Paróquia de Santos!
Carnaval acabou, espero que a ressaca já deu lugar a uma cabeça sóbria que permite por os dois pés no chão! É isto que fazemos no próximo 1° Domingo da Paixão. Por os pés no chão para poder erguer o olhar para este mundo que ainda é de Deus.
Vamos nos orientar por um texto antigo de Deuteronômio 26,1-11, onde Moisés ensina ao seu povo como se colocar diante dos resultados da sua vida. Significa olhar para trás com realismo mas com gratidão. Israel era escravo no Egito, agora está em liberdade na sua própria terra!
Isto não é pouco! Aposto que muitos de nós podem contar uma história bem semelhante com pais ou avôs que vieram sem nada da algum lugar na Europa. E quanta coisa na vida não melhorou nestes anos todos aqui no Brasil!
De qualquer forma, a gratidão pela história e o reconhecimento da bondade de Deus nela são chaves para ter paz consigo mesmo, com Deus e com os outros. São pressupostos para poder valorizar o presente e olhar com esperança para o futuro.
É este olhar grato que permite enxergar o bem comum, a irmã e o irmão, enfim, a comunidade, e por algo em comum para o bem de todos. É a gratidão que permite faqzer festa como diz o texto no versículo 11: Fique alegre por causa de todas as coisas boas que o SENHOR deu a você e à sua família e faça uma festa com os levitas e com os estrangeiros que moram onde você vive.
Vamos ensaiar esta postura boa!
Por isso saudações e até domingo!
P. Guilherme Nordmann

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Palavra da Semana - Para nossa reflexão

 
Ao charme de ser luterano
 
  • - Por tudo isto quero encorajar a (re-)descobrir o encanto da confissão luterana.
     
  • - Seu charme não se limita a alguns dogmas e axiomas de fé. Diz respeito a uma maneira de ser.
     
  • - Residem numa hermenêutica bíblica que sabe distinguir entre letra e espírito;
     
  • - num realismo antropológico que se recusa a divinizar como também a demonizar o ser humano;
     
  • - numa liberdade comprometida que se distancia tanto do legalismo quanto da permissividade;
     
  • - numa estrutura eclesial participativa que exclui hierarquia humana de qualquer tipo.
     
  • - A confissão luterana me convida à fé sem proibir o raciocínio crítico. Ela quer “crentes pensantes”,gente que sabe julgar as coisas e que, mesmo assim, não permanece presa ao criticismo.
     
  • - O luteranismo me ensinou uma determinada visão da realidade que é um pouco mais complicada do que muitos simplismos querem fazem crer.
     
  • Subdividir o mundo em bandidos e mocinhos, em ganhadores e perdedores, em crédulos e incrédulos, em justos e pecadores, ora isto é construção de hipócritas ou de ingênuos. É estupidez a que a sabedoria do evangelho se opõe.
     
  • - Por isto mesmo sou grato por ser luterano e convido ao empenho para garantir viabilidade à IECLB.
     
Gottfried Brakemeier